Entomologia Forense cresce na Amazônia |
Usar
insetos para auxiliar a polícia e os médicos legistas a elucidarem
crimes é uma das áreas da Entomologia que avançam na Amazônia. A
Entomologia Forense ajuda, por exemplo, peritos criminais a determinarem
o tempo entre a morte de uma pessoa e a descoberta do corpo (intervalo
pós-morte), saber se o corpo foi removido ou se houve uso de veneno e de
drogas.
De
acordo com a pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia (Inpa/ MCTI), Ruth Keppler, a determinação do tempo de
intervalo pós-morte pode ser feita através da utilização de insetos
associados à decomposição de cadáveres. “Isso já vem sendo utilizado por
órgãos públicos do Amazonas e é uma resposta das nossas pesquisas para
aplicações em laudos criminais”, disse Keppler.
No
corpo em decomposição são encontrados vários insetos. Os mais comuns
são as moscas varejeiras (família Calliphoridae) e os besouros, que
colonizam o material orgânico, onde desenvolvem suas crias. As moscas
varejeiras são as primeiras a colonizar um corpo após a morte, na
maioria das vezes em questão de horas. Somente quando o corpo está
ressecado é que os besouros entram no processo.
A
Entomologia Forense é uma área em expansão na região, especialmente nos
trabalhos acadêmicos e científicos, e foi uma das temáticas discutidas
durante o 5º Puxirum Entomológico realizado, nesta semana (4 a 6 de
novembro), pelo Programa de Pós-Graduação em Entomologia do Inpa
(PPG-ENT/ Inpa) . O nome Puxirum é uma palavra é Nheengatu que significa
união de esforços em prol de um algo em comum.
O
objetivo principal do evento é aproximar os alunos da graduação dos
estudantes da pós-graduação, mostrar os trabalhos desenvolvidos dentro
do Instituto na área da Entomologia, além de discutir os desafios e
avanços nesta área do conhecimento. “Alcançamos os objetivos, criando
esse link entre os estudantes. Isso vai facilitar o intercâmbio e as
escolhas dos graduandos na hora de decidir fazer a pós-graduação”,
destacou Keppler, coordenadora do V Puxirum Entomológico.
Segundo
a coordenadora, nos últimos dois anos tem aumentado consideravelmente o
número de trabalhos no PPG-ENT dentro da Entomologia Forense, como a
pesquisa desenvolvida por Tamires Rezende Vieira orientada por José
Albertino Rafael, que analisou no Mestrado a presença de cocaína nas
larvas de moscas criadas em tecido morto intoxicado, o que permite saber
o intervalo pós-morte e se a causa foi por overdose da substância. Os
experimentos foram feitos com coelhos.
Outras
áreas da Entomologia já estavam em andamento ao longo dos anos e faziam
parte da grade curricular do Programa, como a entomologia médica,
entomologia agrícola e a taxonomia. “A biologia hoje é uma das áreas
mais importantes para o futuro. É claro que ela não vem sozinha, ela vem
acompanhada das tecnologias, como as engenharias, e nisso tudo a
biologia pode ser uma ferramenta que se juntando a outras áreas pode
alcançar o objetivo de ter biólogos atuando dentro da biologia do
futuro”, destacou Ruth.
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