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terça-feira, 1 de outubro de 2013

Grampo sugere que quadrilha buscou negócio com governo do Pará

Investigação da Polícia Federal indica a quadrilha suspeita de lavagem de dinheiro e desvio de recursos de fundo de pensão buscou negócio com o governo do Pará. A quadrilha mirava em políticos que ocupam altos cargos públicos.
Os integrantes do baixo escalão de prefeituras e governos eram tratados como "peões" e explicitamente desprezados pelo grupo, que oferecia investimentos em fundos suspeitos.
"Sentar com peão não dá", diz o doleiro Fayed Traboulsi, um dos suspeitos de comandar o esquema, numa conversa gravada pela PF em dezembro passado. No diálogo, ele reclama que a reunião inicialmente prevista com o governador do Pará, Simão Jatene (PSDB), e o vice-governador, Helenilson Pontes, fora remarcada e seria com o chefe de gabinete de um secretário do governo.
"Não resolve absolutamente nada. Quem resolve e o GOV ou o VICE GOV. Só eles...", diz trecho do diálogo transcrito pela PF. Nessa conversa, Fayed pede para cancelar o encontro no Pará diante da perspectiva de "fazer reunião com o sub do sub-chefe".
O governo do Pará, por meio da assessoria, nega qualquer encontro entre representantes do governo e integrantes da quadrilha investigada como Fayed, Luciene Hoepers e Carlos Eduardo Lemos. "Não foi tomada nenhuma decisão uma vez que não houve nenhuma reunião", diz, informando ainda que a empresa usada pelo grupo nunca foi contratada. 
A PF não informa se o encontro ocorreu. Segundo os investigadores, coube a Alline Olivier tentar marcar a reunião com o governador do Pará. Ela era uma das lobistas do esquema e um dos principais contatos da "pastinha" Luciane Hoepers que revelou à Folha que há outros políticos ligados ao esquema.
Sobre o Pará, contudo, Luciane disse que desconhece qualquer contrato firmado com o governo e que não participou de nenhuma reunião.
No entanto, relatório da PF diz que "uma sequência de diálogos travados entre Alline e Ezaquiel entre os dias 07 a 11 de dezembro de 2012 indica que ambos intermediaram uma reunião entre os membros da organização criminosa, in casu, LU e DUDU, possivelmente com o Governador, o Vice e o Presidente do instituto de previdência dos servidores do estado do Pará".
O Ministério Público está disposto a pedir o desmembramento do inquérito para apurar a participação de outros políticos no esquema, entre eles autoridades com foro privilegiado. Para a PF, o grupo movimentou em 18 meses cerca de R$ 300 milhões.
A defesa de Fayed, que ainda está preso no presídio da Papuda, em Brasília, afirma que ele nega qualquer contato com autoridades. Segundo os advogados do doleiro, ele não fazia a ponte entre a empresa de investimentos e políticos, apesar de considerar "normal" a captação de interessados em investir nos fundos oferecidos pelo grupo. FERNANDA ODILLA
MATHEUS LEITÃO
DE BRASÍLIA - FOLHA DE SÃO PAULO

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