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sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Roteiro apresenta cidade histórica que abrigou Companhia Ford na Amazônia

A cidade guarda marcas da presença americana
O município de Belterra, no oeste do Pará, localizado a 45 km de Santarém, guarda em seus traços importantes marcas da presença norte americana na Amazônia. Nos anos 1930, após a primeira tentativa de Henry Ford de produzir látex em Fordlândia ter falhado, a comitiva estadunidense foi obrigada a encontrar outra plantação de seringueiras nativas para fixar moradia e prosseguir com os planos de produzir borracha. Após as buscas, Ford se dirigiu a Bela Terra, onde se deparou com farta plantação em um solo de terra preta bastante fértil.
Na época, foi cedida uma área de quase 4.400 km² pelo governo brasileiro à empresa, que construiu sua sede e formou a vila dos trabalhadores. O que de mais moderno havia nos EUA, foi trazido para Belterra, que passou a contar com hospital de ponta, telefonia, rádio amador, serviço de água encanada e rede elétrica domiciliar.
Em 1945, com o declínio da produção, a terra foi restituída ao Estado. Somente em 1995 Belterra se tornou, oficialmente, município. Hoje conta com uma população de 16.800 pessoas.
Apesar de mais de meio século já terem se passado, Belterra ainda preserva muitas características de quando foi uma vila americana, principalmente a arquitetura das construções. E como forma de expandir o conhecimento dos turistas a respeito da região, e divulgar melhor as potencialidades turísticas domunicípio, a Prefeitura de Belterra elaborou um roteiro que passa pelos principais pontos históricos. As praias banhadas pelo rio Tapajós também são fortes atrativos turísticos.

Roteiro
O roteiro começa pela Escola Darcy Vargas, na Estrada Oito. O nome da escola foi uma homenagem à esposa do presidente Getúlio Vargas, que visitou o projeto da Companhia Ford, em outubro de 1940. Antes o prédio levava o nome do filho único de Henry Ford.

Depois, a visita segue pela caixa d’água da Estrada 7. O serviço de abastecimento foi pensado pelos americanos, que prezavam a boa saúde. Na época, duas caixas metálicas de 186.500 litros foram instaladas. Também foram instalados hidrantes em vários pontos.
A Escola Manoel Garcia de Paiva, no bairro de Santa Luzia, inaugurada em julho de 1941 foi a terceira construída pelos americanos. A visita passa por lá. O primeiro prédio escolar de Belterra, na Estrada Um, foi inaugurado em outubro de 1938. Na época, o nome era Grupo Escolar Henry Ford. Atualmente funciona a escola Waldemar Maués.
A segunda caixa d’água, na Estrada Um, também está incluída na visita. No alto da construção, foi instalada uma sirene, pelos americanos, para orientar os trabalhadores quanto ao horário de iniciar e terminar a jornada de serviço. Ainda hoje o sinal ecoa nos mesmos horários.

Outro ponto a ser visitado é a Vila Operária, onde moravam os trabalhadores. Os de primeiro escalão ficavam em outra área. A próxima parada é para conhecer as Vilas Viveiros, onde o botânico James Weir e sua equipe produziam as mudas de seringueiras. Os operários responsáveis pelo viveiro de mudas residiam no local.
A Praça Brasil teve origem de um campo de golfe, que ao lado recebeu uma pista de atletismo. Depois, um coreto foi construído, onde bandas se apresentavam. Com a saída dos americanos de Belterra, o campo de golfe foi transformado em campo de futebol. O primeiro construído em Belterra com autorização da Companhia Ford, para que os nacionais praticassem o esporte, localizava-se na Estrada Dois.
A Igreja Matriz de Santo Antônio de Pádua (padroeiro do município), é a 10ª parada do roteiro. Depois de muita resistência por parte dos administradores americanos, foi autorizada a construção da primeira igreja católica em madeira que, posteriormente, foi demolida e construída em alvenaria. A primeira igreja construída em Belterra foi a Batista, pelo fato de ter alguns seguidores norte americanos.

Na Vila Timbó foram erguidos os prédios residenciais. Os funcionários que moravam no local eram responsáveis pelo plantio do Timbó (planta trepadeira), cujo sumo era extraído e servia como inseticida natural contra as pragas da plantação.
As casas que abrigavam o alto escalão da Companhia Ford estavam localizadas na Vila Mensalista. A arquitetura era muito similar com as moradias dos Estados Unidos. A visita na vila está no roteiro.
No Palácio das Seringueiras, localizado na Vila Americana, ficava o Centro Administrativo. Hoje abriga o prédio da prefeitura. O antigo alojamento, onde permaneciam hospedados os americanos solteiros, foi cedido a uma família japonesa que o transformou em pousada. Hoje abriga a Secretaria Municipal de Educação.
A Câmara de Vereadores atualmente funciona no prédio em que se destinava ao lazer dos americanos. Tinha um salão de bailes e um cinema improvisado. Filmes enviados dos EUA eram exibidos.
Depois a visita acontece na Casa 1, construída para receber o idealizador do projeto e proprietário da Ford Motor Company, Henry Ford. Mas ele nunca veio ao Brasil. Getúlio Vargas, em sua visita a Belterra, ficou hospedado por dois dias na casa.
O Bosque das Seringueiras e o Hospital Henry Ford também estão no roteiro. Na época, aquele foi o melhor hospital da América Latina. Sua fundação data outubro de 1938.
Para encerrar a viagem histórica, o roteiro passa pelo Centro de Memória de Belterra e pelo Meliponário. A construção onde hoje funciona o centro de memória foi a residência oficial dos médicos que trabalhavam no hospital. Hoje o prédio é a referência da pesquisa da história belterrense.

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