Amazonas soma R$ 150 milhões em verbas federais desviadas em três anos

Foram aplicados 4 milhões em multas a esses gestores

O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Ribeiro Nardes disse, nesta terça-feira, que chega a R$ 150 milhões o montante de recursos públicos federais desviado no Amazonas por prefeitos, gestores e empresas já condenados pelo órgão, nos últimos três anos, e a R$ 4 milhões em multas aplicadas a esses gestores.
Segundo Nardes, o valor “é alto” se comparado aos recursos desviados de outros Estados. A declaração foi dada na abertura do curso ‘Diálogo Público para a Melhoria da Governança Pública’, promovido pelo TCU, em Manaus.
Nardes disse, ainda, que o TCU já acionou a Advocacia Geral da União (AGU), órgão responsável por cobrar esses gestores, para tentar recuperar o montante. Mas que não existe uma garantia de que o prejuízo seja realmente sanado. “Nós estamos tentando reaver esses recursos. Toda semana estamos condenando gente e acionando a Advocacia Geral da União para fazer as cobranças desses recursos perdidos”, disse.
Nardes atribuiu os desvios de verbas, e demais problemas relacionados a recursos públicos, à falta de capacitação dos gestores públicos, corrupção e falta de planejamento. “Tem muitos prefeitos que não estão preparados para ser gestor público e por serem incompetentes acabam sendo envolvidos pela corrupção. Não têm noção da sua responsabilidade”, disse.
Segundo ele, a falta de planejamento também tem gerado prejuízo ao erário. Um exemplo citado por ele são as obras da Copa 2014 que foram ‘barradas’ para ajustes, inclusive a Arena da Amazônia aqui em Manaus, que sofreu acréscimo de R$ 54,4 milhões para mudanças na estrutura de concreto armado.
“Esse planejamento começou tarde. Deveria ter começado há seis anos”, disse. “Falta gestão, falta governança, falta planejamento. É nisso que estamos tentando mudar a cultura do Brasil, porque é muita improvisação”, completou.
O governador em exercício, José Melo (PMDB), que também participou do evento, concordou com a declaração de Nardes sobre a falta de planejamento nos projetos, mas ressaltou que o principal problema do gestor, hoje, é a escassez do recursos, principalmente nos municípios. “Faltam recursos até para contratar bons técnicos para auxiliar o gestor nesses projetos”, afirmou.
O presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE) disse que a falta de capacitação dos gestores tem gerado a reprovação de pelo menos 50% da contas julgadas no tribunal todo ano, a maioria por motivos técnicos. O curso do TCU tinha o objetivo de orientar gestores do Amazonas no controle de suas contas. Nesta terça-feira, prefeitos e secretários do interior e da capital participaram do evento. (D24am)