O Tambaqui é muito comum na região |
A
pesquisa é resultado de sua dissertação de mestrado intitulada “A
produção de gelatina da pele e ossos de peixes amazônicos”, defendida
este mês. “A escolha das duas espécies foi porque observei que elas
estão em maior quantidade e são mais encontradas nos mercados da
região”, afirmou a biotecnóloga.
Os
resultados obtidos mostraram que os resíduos desses peixes também podem
ser matérias-primas para aproveitamento em cosméticos, fármacos e
outros produtos industriais e gerar renda para a população, a partir da
extração do colágeno das espécies e transformação em gelatina.
A
pesquisadora revelou o desejo de continuar com a pesquisa na próxima
etapa de seus estudos, o doutorado. “A pesquisa não acabou, pois ainda
preciso realizar vários testes como a aceitabilidade do produto e tempo
de prateleira, ou seja, ainda temos um grande caminho até a
industrialização”, enfatiza.
O processo
A
gelatina é uma proteína de alto peso molecular (20 a 250 KD) solúvel em
água preparada pela desnaturação térmica do colágeno, isolada de peles e
ossos de animais, com ácido diluído. Ela também pode ser extraída da
pele de peixe.
De
acordo com a pesquisadora, a técnica ‘ácido’ foi utilizada. Ela
consiste basicamente em acidificação do colágeno para um pH aproximado
de 4, e posterior aquecimento gradual a 50°C até a fervura, para
desnaturar e solubilizar o colágeno. Depois disso, o colágeno
desnaturado ou a solução de gelatina precisa ter a gordura extraída,
filtrada para ter alta clareza, concentrada por tratamento com
ultrafiltração por membrana, até uma concentração razoavelmente alta
para transformação em gel e secagem por passagem de ar seco sobre o gel.
O
processo de produção inicia com o corte do peixe, lavagem, separação de
peles e ossos, seguida da filetagem para separar a pele dos músculos
e, depois, é feito o trabalho com sódio, seguido de tratamento alcalino.
Por último, tratamento com ácido acético para poder ser armazenado em
menos de 18 graus, para iniciar as análises até ser solidificada e
liofilizada, quando vira pó.
Os
ossos passam por processo diferente, são separados, secos por 10 horas e
depois triturados, para serem submetidos a tratamentos com auxilio da
peneira, com ácidos, para depois filtrar e armazenar a menos de 18 graus
para análises.
Sustentabilidade
A
pele e os ossos são fontes de colágeno, uma proteína cuja principal
atuação é formar tecidos elásticos. O peixe possui dois tipos de
colágenos: o 1 e o 5. O colágeno se transforma em gelatina com o
processo de aquecimento que forma fibras elásticas. A pesquisadora
verificou que com cerca de 200 a 400 gramas de pele podem ser obtidos
até 250 gramas de gelatina na forma sólida e de 10 a 20 gramas de
gelatina em pó.
Cerca
de 70% dos resíduos dos peixes podem ser reaproveitados, reduzindo o
impacto ambiental muitas vezes gerado pela falta de destino a esse
material. A espécie que mais se destacou foi o aruanã por ter uma
quantidade maior de proteína e sais minerais. (A crítica).
Nenhum comentário:
Postar um comentário