Lago Verde ameaçado pelas hidrelétricas |
Consultor
ambiental e um dos colaboradores diretos da criação do PU (Plano de Uso) da APA
Alter do Chão, Márcio Halla diz que, muitos esforços individuais esbarram na
falta de vontade política para ordenar o crescimento de Alter do Chão, que
viveu nos últimos anos uma explosão turística e em conseqüência disso, aconteceu
um considerado crescimento da construção civil.
Além
dos problemas locais de infraestrutura e saneamento na vila, ele diz que Alter
do Chão corre o risco de sofrer impactos ambientais irreversíveis que não serão
investigados, caso forem construídas as hidrelétricas de São Luis do Tapajós e
Jatobá.
“Apesar
dos vários exemplos de hidrelétricas como Balbina, Tucurui e Belo Monte, as
pessoas não enxergam os impactos sociais latentes. Os estudos de impacto
ambiental estão sendo feitos em uma área muito pequena e apenas rio acima das
usinas do Tapajós, desconsiderando os mpactos rio abaixo”.
Marcio
conta que, através da APA, tenta levantar esse debate com os moradores, mais pouco se fez, por falta de articulação dos
movimentos sociais. Segundo Halla, a resistência mais efetiva e visível contra
as hidrelétricas é a dos índios Mudurukus, que se declararam em guerra contra
as usinas.
A
repercussão da carta enviada ao governo pelos mundurukus e a detenção e
expulsão da equipe que fazia os estudos de impacto ambiental na região em que
vivem deve adiar o leilão das hidrelétricas, que estava marcado para o final de
2014.
As usinas estão distantes mais de 250 km em linha reta até Alter do Chão. Entretanto, Halla ilustra danos que elas podem causar: “Empiricamente, nas épocas em que as secas do Tapajós foram muito fortes, as águas [barrentas] do Amazonas entraram pelo Canal do Jari.
Márcio Halla |
O
rio Tapajós tem águas claras que, dependendo da época ou do local, vão do verde
a um azul que lembra o oceano, Mas,
segundo Halla, o rio já foi marrom há 30 anos por conta da grande concentração de garimpos na região de Itaituba,
cujas atividades poluíam o rio.
Se
os estudos de impacto forem limitados, adverte, o Tapajós e as comunidades que
dele dependem podem sofrer impactos negativos que, do jeito que está previsto,
não serão nem mesmo avaliados.
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