Por
força da Lei nº 12.447, eles estão no rol de homenageados ilustres,
entre os quais, José Bonifácio de Andrada e Silva, Tiradentes, Santos
Dumont, Zumbi dos Palmares, Plácido de Castro, Dom Pedro I e Marechal
Deodoro da Fonseca,
Os
soldados da Borracha foram cidadãos nordestinos recrutados para extrair
látex na Floresta Amazônica, onde trabalhavam diariamente, desde 4h da
madrugada, anos a fio, para atender à demanda de pneus exigidos por
indústrias de automóveis e de aviões, nos Estados Unidos.
Do
contingente de aproximadamente 50 mil homens, 30 mil morreram nos
primeiros anos da 2ª Guerra Mundial (1939-1945), em consequência do
precário transporte, alojamento e alimentação. Restam hoje mais de dez
mil, com mais de 80 anos, alguns em estado de penúria, sem recursos para
tratar doenças.
Dispensados
do alistamento militar e pomposamente recrutados pelo Serviço Especial
de Mobilização de Trabalhadores para a Amazônia (Semta), recebiam um kit
básico ao atravessarem a ponte metálica do Porto de Fortaleza (CE),
embarcando para Belém (PA), rumo aos seringais do Acre e de Rondônia
(que na época tinha partes amazonense e mato-grossense e ainda não
recebera esse nome). O kit continha uma calça de mescla azul, uma camisa
branca de morim, um chapéu de palha, um par de alpercatas, uma mochila,
um prato fundo, um talher (colher-garfo), uma caneca de folha de
flandres, uma rede, e um maço de cigarros Colomy.
Apiedado
do esforço incomum de todos eles, vítimas do beribéri, impaludismo,
malária e pela solidão, o ex-presidente John Fitzgerald Kennedy enviou
ao governo brasileiro alguns milhares de dólares que amenizariam um
pouco a dor de cada um. O dinheiro sumiu.
Sabedora
das aposentadorias vultosas, muitas delas, criminosas pela duplicidade,
Dona Dilma determina à ministra da Secretaria de Relações
Institucionais que ofereça ao Congresso Nacional a contraproposta à PEC
556/2002, acreditando que R$ 50 mil paga todas agruras e sofrimentos.
Isso, depois de o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho,
ter se declarado encantado com o reconhecimento a essa gente.
Outrora,
disseram-lhes que, quando a guerra terminasse, retornariam à terra de
origem. Qual nada! A maioria não resistiu às doenças e os sobreviventes
não tinham dinheiro para pagar a viagem de volta. Endividaram-se nos
armazéns de seringalistas. A lei da selva era cruel: quem não pagava a
conta ou ficasse doente, perdia a liberdade e até a própria mulher,
quando tinha.
Ao
contrário dos pracinhas brasileiros no teatro da guerra em campos e
morros da Itália, soldados da borracha só foram reconhecidos como
combatentes da 2ª Guerra em 1988. A partir daí, receberam a pensão
vitalícia pelo serviço prestado: o enriquecimento da indústria
norte-americana.
As
bancadas parlamentares federais do Acre, Pará e Rondônia não devem ser
genuflexas aos desígnios da história, tampouco a tentativas de funerais
desonestos e injustos. Não devem silenciar ante a posição do governo
federal. Ao contrário, devem sair da inércia, reagindo para que a PEC
556 seja urgentemente votada.
São
decorridos quase 68 anos desse fato amazônico com repercussão mundial.
Se o governo federal não quer ser chamado de mentiroso ou demagogo, deve
ponderar à luz da realidade: a aposentadoria desses velhinhos e os
direitos de filhos e viúvas custam menos que um banco quebrado. Menos
ainda que os caixas dois partidários. (Fonte: Sindsbor).
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