Os estudantes cobram explicações |
Os cartazes retidos dos estudantes a mando da Casa Militar da Assembleia tinham as frases “Queremos investigação, pizza não”; “Quem defende bandido é cúmplice”; “Lugar de corrupto é na cadeia”; “Fora ladrão”; e “A fome dos meus filhos não será a riqueza de vocês”. Somente um dos cartazes citava o nome de Ricardo Nicolau. Durante as três horas em que estiveram na ALE-AM, os manifestantes foram patrulhados pelos militares. “Eles estão seguindo e monitorando a gente. Se estamos no elevador, estão juntos. Passamos nos corredores e eles também vão com a gente. Até se formos no banheiro, vão também. Isso já é demais. É falta de respeito numa Casa pública, nossa, do povo. Isso, para mim, é longe de ser democracia”, relatou o estudante universitário Igor Furtado, 20.
Segundo Alessandra Alcântara, 25, eles foram constrangidos pelos policiais. “Esse negócio de impedir cartaz é ditadura”, indignou-se. “Nos trataram como se fóssemos uma ameaça. Não estamos oferecendo mal nenhum a ninguém”, acrescentou Igor Furtado. Questionado se o Poder Legislativo Estadual adota, como procedimento, impedir a entrada de cartazes de protesto, o presidente da ALE-AM, Josué Neto, do mesmo partido de Ricardo Nicolau, disse que “não existe essa orientação de forma alguma”.
Josué foi contrariado pela chefe da Casa Militar, major Daniele Vieira de Souza Pires. “Nós fazemos um controle dos cartazes que tem conteúdo ofensivo. Isso é normal no controle de acesso”, afirmou. “Palavras que ofendam a moral, ofendam a dignidade da pessoa, a gente julga como conteúdo ofensivo”, sustentou. De acordo com o subchefe da Casa Militar da ALE-AM, major Fábio Augusto Santos Falabella, cartazes ofensivos são retidos, assim como “pedaço de madeira e de metal”.
DECISÃO
Em decisão unânime, a Comissão de Ética, composta pelos deputados Vicente Lopes (PMDB), que preside o colegiado, Belarmino Lins (PMDB), Adjuto Afonso (PP), Orlando Cidade (PTN) e Artur Bisneto (PSDB), que faltou à reunião, concluiu que a abertura de procedimento por quebra de decoro se dá na Corregedoria e não na comissão. Atualmente, a Corregedoria é comanda pelo deputado Ricardo Nicolau. “Não é competência da Comissão de Ética iniciar processo por quebra de decoro. Essa é uma comissão de caráter terminativo”, disse Vicente Lopes. (A Crítica).
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